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O corpo que não me pertence


Quando a gente engravida o corpo deixa de ser um pouco nosso, ele vai ganhando uma nova forma, vai se arredondando e ficamos cheias de restrições alimentares, de movimento e mais o que aparecer. A cria nasce e corpo não é o mesmo, a barriga flácida e cheia de estrias que os litros de óleo de amêndoas não foram capazes de impedi-las de aparecer. Acabou por aí? Não claro que não, vem a amamentação. Amamentar é difícil, dói e demanda muita força de vontade no início pra coisa engrenar. Amamentei exclusivamente e em livre demanda por seis meses. Após a introdução alimentar continuei amamentando em livre demanda e hoje com 1 ano e quatro meses Morena ainda mama.
Foram muitas fases, muitos desafios e muiiiiitas noites acordando inúmeras vezes. Morena é uma criança que não sabe dormir. Tinham noites que ela acordava a cada 30 minutos e no dia seguinte eu tinha que encarar dez tempos de aula. Eu estava um caco e não suportava mais esse desgaste físico, saí pra trabalhar chorando, estava impaciente com a Morena e com o marido, depois de ficar com os mamilos em carne viva, sangrando e com pus, decidimos que não dava mais pra viver daquele jeito. Foi aí que começamos o desmame noturno.

Passei a segunda conversando com ela que o mamá dormiria assim que ela dormisse e ele não acordaria, que ela era uma menininha grande e que só mamaria quando amanhecesse. Começamos na segunda e as madrugadas de segunda-terça e terça-quarta foram complicadas. Morena acordou chorando, eu a pegava no colo e falava com muita calma e amor que a mamãe estava ali, mas que o mamá não. Cantei, ninei, chorei junto, abracei e aos poucos ela ia se acalmando. No restante da semana ela continuou acordando (bem menos do que acordava quando mamava a noite), mas sem choro. O desmame noturno já foi concluído e a principal mudança que veio junto foi uma significativa melhora nas horas seguidas dormidas. Tem noites que ela ainda acorda, uma ou duas vezes, nada comparado as 8/10 vezes numa mesma noite.

O desmame noturno foi um importante passo pra recuperar um pouco o "controle" do meu corpo. Ainda não me reconheço apesar de já pesar o mesmo de antes de engravidar, mas a verdade é que eu já não aceitava os quilos extras ganhos bem antes da gravidez da Morena. É uma fase de auto-conhecimento/aceitação difícil. Ainda tenho um longo caminho e reconhecer isso é o primeiro passo.


3 comentários on "O corpo que não me pertence"

Maitê on 4 de dezembro de 2014 às 19:10 disse...

É ... é uma fase bem complicada mesmo. Giulia tb nunca soube dormir quando bebê. Mas não resisti tanto tempo como vc. Fiz o desmame com 8 meses. Talvez eu tivesse demorado mais se os dentes não tivessem nascido. Juntou ela acordar dezenas de vezes por noite com mordidas e a minha impaciência por conta da exaustão.
Passei ela para a mamadeira e a coisa melhorou...mas não foi uma maravilha...ela acordava pelo menos 2 vezes por noite.
Dormir bem mesmo... de apagar... só com 1 ano e 4 meses. A partir daí, coloco ela no berço (agora cama), dou o leitinho, ligo a música e ela dorme até umas 8:30h.
Quanto ao corpo... bem... eu estou com o peso de antes da gravidez e isto me incomoda um pouco apesar de eu não fazer nada para mudar isto. De resto... acho que fiquei tão neurótica com estrias que passei tanto creme que não ganhei nenhuma de presente (já me bastam as celulites) (rs................).

Beijinhos

Máyra on 11 de dezembro de 2014 às 21:10 disse...

muito bom passar por aqui e vê que vc ainda faz viver esse cantinho! acho lindo cada post, e assim vejo os deleites e delicias da maternidade!
mayra!

Carol on 23 de dezembro de 2014 às 19:07 disse...

Que bonito, Danee. Feliz com sua conquista. Beijos

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