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O caminho para o meu parto natural - parte I


Eu já escrevi aqui no blog uma indignação em relação a dificuldade de se conseguir um parto natural nesse país, em como é difícil encontrar profissionais que respeitem as escolhas da mulher e quando encontramos temos que pagar um preço alto para isso. Digo preço alto não em relação ao valor pago aos profissionais que me assistiram. Sempre achei que valia a pena e hoje depois de ter parido da forma como sempre quis, acho que vale ainda mais a pena. O absurdo é em relação as várias tarifações que pagamos, vamos lá. Se pago impostos que são investidos na saúde e o sistema público é tão precário que me "obriga" a pagar mais uma vez pra ter acesso a médicos e hospitais que nesse caso é o plano de saúde, que por sua vez não remunera decentemente os médicos e enfermeiros que me "obriga" novamente a pagar de maneira particular pra ter acesso a profissionais em que posso confiar e que estão de acordo com o que eu penso em relação ao parto. A gente paga três vezes pra conseguir o que queremos. Enfim...

Nesse longo caminho que comecei a traçar bem antes de engravidar, li muito, conversei muito com amigas e profissionais da área e acabei encontrando minha querida obstetra que nos ajudou a caminharmos firmes em direção ao nosso desejo. Falo no plural porque o Mendel teve um papel fundamental no pré-natal e durante todo o trabalho de parto, inclusive digo que parimos juntos. Nossa obstetra nos indicou a Kira para ser nossa enfermeira obstétrica (E.O.) que me acompanharia a partir do sétimo mês até o pós parto. Quando entrei no sétimo mês passamos a ter encontros semanais com ela.

Kira, minha doce e querida enfermeira obstétrica.

Ao chegar no primeiro encontro, cheguei meio ressabiada dizendo pro Mendel que achava que seria algo meio hippie e não colocava muita fé não. Nesse encontro conversamos bastante e ela explicou como seria o trabalho dela e em como ele nos ajudaria a olhar pra nossa alma, nos conectarmos com o nosso corpo. Ali tive a certeza que era coisa de hippie. Puro preconceito! Ela me olhava de forma holística, não interessava somente as informações da gravidez, com sua voz doce e ao mesmo tempo firme de quem tem a certeza do que fala ia me informando, ensinando e acolhendo. Ali naquele mesmo encontro passei a confiar totalmente nela. Sabia que estávamos em ótimas mãos.

Cada encontro a gente fazia uma atividade diferente, dependia muito do que ela sentia que eu estivesse precisando. No primeiro encontro eu cheguei lá com uma baita dor na perna direita que mal conseguia andar, Morena estava apoiada em um nervo que me causava tal dor. Ela me deitou na maca e fez uma massagem que fez com que a dor praticamente sumisse, em um outro que cheguei chorosa, chateada com algumas coisas ela fez acupuntura, em um outro exercícios de respiração em conjunto com o Mendel para o trabalho de parto, em outro ensinou massagens pro Mendel fazer em mim durante o TP e em todos muita conversa, carinho, acolhimento, ou seja, só amor.   

No dia D, ela foi a primeira pessoa pra quem liguei e ela ficou o tempo todo em contato com o Mendel pra saber a hora certa de vir pra cá pra casa, nos ajudou muito a colocar a Morena no mundo e ainda mais na amamentação. Ela não é uma doula, ela é enfermeira formada que faz um serviço de acompanhamento para grávidas e também faz partos domiciliares. 

Ainda farei um relato do parto da Morena, mas antes quero falar do caminho que percorri pra chegar nele.

10 comentários on "O caminho para o meu parto natural - parte I"

Gelia on 13 de agosto de 2013 às 18:20 disse...

Muito legal o seu relato e que bom que vc lutou para ter o parto da maneira em que achava melhor, uma pena como vc falou são os preços com relação aos impostos que pagamos e aos nossos ganhos que não são os mesmo.

Parabéns pelo bebê



bjs

Gélia

Mendel Cesar on 13 de agosto de 2013 às 18:45 disse...

E que continue sendo linda a nossa história. Te amo!

Laiz Malafaia on 13 de agosto de 2013 às 21:06 disse...

Estou ansiosa pelo seu relato! Vc é sempre tão verdadeira e real. Tenho certeza que será um relato totalmente sincero e fiel ao que vc sentiu e viveu nesse momento tão especial! =)

Vou acompanhar com certeza!

Beijo,
www.laizmalafaia.com

Flicka on 13 de agosto de 2013 às 21:38 disse...

Pena que nao vai dar tempo deu ler o seu relato antes ahahhaha
Sabe, sobre essa historia de hipponga, me vi na sua pele! Na verdade vi Alan! A primeira vez que fomos conhecer nossa midwife (EO), Alan nao tinha gostado da entrada do consultório por ter achado hipponga demais, mas ele disse que se eu gostei da medica, ok. Daí logo depois ele tirou o preconceito tb e adorou e sentiu confortavel <3 <3
Elas sao impagaveis, nao é? AMO!

JuGalante on 13 de agosto de 2013 às 22:22 disse...

Que bacana Danne! Eu não sabia que você tinha parido natural! Estou lendo muito e me informando ao máximo para percorrer o mesmo caminho. Ansiosa pelo relato!

Beijo enorme no seu coração

Jéssica on 13 de agosto de 2013 às 23:12 disse...

Muito legal oque vc fez... Espero pelo relato do parto da Morena =)

http://jessicaegregory.blogspot.com.br/

Helen on 14 de agosto de 2013 às 12:32 disse...

Seu primeiro parágrafo é praticamente o motivo da minha tese! Engraçado, né?! (bem, minha tese não é específica ao caso da gestante/parto, mas a idéia é essa...)
Acho lindo essa metodologia da sua médica obstetra de trabalhar com EOs, que acompanham a gestante desde o 7o mês e estão presentes para dar apoio profissional e emocional nesse momento delicado. Nunca ouvi falar de nenhum outro obstetra que tenha esse approach no Rio. Muito bacana mesmo! Ela é realmente única e especial :)

sou apaixonada por decoração on 15 de agosto de 2013 às 15:53 disse...

verdade eu fiquei muito frustrada tive dos parto e ambos foram cesárea!!eu queria muito ter parto normal; a palavra já diz natural assim como DEUS previu que seria,mas é muito deficio nessas planos de saúde conseguirmos isso..parabéns pela escolha e saúde para vcs e seu bebe!!bjs

Mayra on 15 de agosto de 2013 às 19:58 disse...

Lembro de vc falando sobre o primeiro encontro! Realmente desperta muita curiosidade, lembro de ter feito muitas perguntas!!! Fico feliz da sua EO ter sido a certa pra vcs, bjos

Silvia on 2 de outubro de 2013 às 21:37 disse...

Te entendo, tb não curto as coisas muito "esotéricas" e "hipongas", MAS se não faz mal, então nada contra tb! Não trocaria a medicina ocidental alopática (na qual cresci) mas acho que para começar a enfermeira obstétrica não é coisa de hippie. Cresci acreditando que a base para uma boa recuperação é ter uma boa equipe e isso pode incluir fisioterapeuta, nutricionista e enfermeiras. Aliás uma boa enfermagem é fundamental, pergunte para qq médico!

Meus pais qdo trabalhavam em CTI, lá pela década de 70, usavam muito de fisioterapeuta para tratar os pacientes e enfermeiras cuidando dos curativos com uma maior frequencia que o normal. Eles contam que a melhor pessoa que trabalhou para eles era um enfermeiro!

A escolha por um parto natural faz com que uma enfermeira calma seja fundamental. Imagina você sentindo dor e uma mulher falando com voz de Sargento do CM em dia de formatura? Não dá, né? Então a voz e o jeito dela são parte desse todo, pq a função dela antes do parto é ajudar você a se acalmar e se sentir bem! Nunca experimentei acupuntura - tenho uma amiga q é fisioterapeuta q foi para a China tirar um certificado especial dado q ela já fazia antes - pq não consigo me imaginar não poder me mexer e não curto a ideia das agulhas (tenho nojinho pq sempre acho q elas não são descartáveis) mas massagem eu adoro! Minha mãe fez em mim num pós operatório meu.E massagem no pé é tudo de bom!!

Adorei "conhecer" a Kira. Já ouvi falar dela mas ainda não tinha visto nenhuma foto, achei ela mto simpática!

Beijos!

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